Fazia calor. A cerveja descansara por cerca de meia hora no congelador, quando a resgatei. Ela suava – ainda mais do que eu. Pensei em você e escrevi seu nome, com o dedo, na garrafa suada. Embaixo do seu nome desenhei uma pica. Pensei em te escrever uma carta, falando sobre quantas vezes me masturbei pensando em ti – só nessa semana.
Fecho os olhos e vejo seus cabelos loiros, sua pele e cu rosados e seu sorriso fácil. Lembrei de quando conversamos sobre cartas. Você me disse que ninguém mais escreve cartas e que as pessoas só recebem, hoje em dia, contas a pagar. “É uma pena”, eu lamentei. E você me passou seu e-mail, quando, gentilmente, perguntei se você gostaria de receber uma carta por mim escrita. É isso que agora eu faço, mesmo sabendo que isso nunca chegará em suas mãos. Eu sou, afinal, um incluído no que chamam, inclusive você, de exclusão digital. Alguns diriam que eu sou excluído da inclusão. Mas... é sempre assim: quem está dentro vai falar de quem está fora, e vice-versa. Eu só me imagino, novamente, agora, dentro de ti.