quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Amedrontador.



Parecia que o tempo tinha dado uma pausa. Senti uma dor que nunca havia sentido antes, meu coração estava contraditório, ele batia forte outrora quase nem se escutava o som dele. Meus olhos tremiam involuntariamente e não controlava mais meus sentidos. Pálpebras fechando, Sonho de uma Liberdade esmagado. Ali a Sagacidade volta e eu entendo o porquê de viver aquilo tudo.

A mais longa jornada começa com um único passo.

Não me deixe te deixar. Seria confuso, amedrontador. Sua presença me limpava e como criança gostava de ficar no seu colo. Me perdi. Me iludi pensando “é Ela sempre vai me aceitar” não, não foi bem assim. 

Tirei a poeira da minha mochila, coloquei nela aquilo que realmente ia precisar. Sonhos, Coragem e Sagacidade. Apenas isso. Fui em busca daquilo que nunca encontrei, daquilo que nunca senti. Queria me achar. Enfim, fui. Mochila nas costas, all star nos pés, óculos no rosto. O rumo que eu ia tomar? Nem eu sabia ao certo, só queria viver o que achava ser “Liberdade”.

6 da manhã, sol nascendo aos poucos. Barra de cereal nas mãos com os olhos fixos no Sol. Na falta de alguém pra conversar o indaguei: “Para onde vou, tu que estás ai de cima olhando tudo do alto?”. Houve um silêncio. Ali soube para onde ir no primeiro dia. Caminhei, pensando quem foi que criou tudo isso? Montanhas, Céu, Pássaros? Com certeza não foi Picasso, suas mãos podiam fazer milagres nas Telas, porém na vida real era diferente. Nada tinha tinta. O Sol era amarelo pela lógica, O céu a mesma coisa. 

Cheguei em um vilarejo ao sul. Costumes, ritmos e comidas diferentes. Parecia bem receptivo todas aquelas pessoas dançando e cultuando um deus de madeira. Não entendi muito bem o sentido de estar ali vendo aquilo, já que nunca fui de acreditar em nada que envolvia isso tudo. Era coisa demais pra minha cabeça. Fui convidado a sentar, tomar umas bebidas. Curti a noite. Apago.

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Dia seguinte. Sem mochila, sem perspectivas e ideia de onde eu estava. Menos mal, guardei o Sonho, Coragem e Sagacidade no bolso e não me levaram. Parti, outra vez sem rumo. Quis perguntar ao Sol mais uma vez que direção deveria seguir. Nublado. Não o via mais. Era mais ou menos 7 da manhã. Sem comida, a fome parecia que iria me engolir vivo. Meus pés estavam sufocados naquele all star, mas não podia tirá-los. Era minha única proteção agora, já que meu outro par estava na mochila. Malditos aldeões. Fui caminhando, naquele momento a sagacidade queria me deixar pelo caminho, já que não compreendia mais tanto o que eu estava fazendo ali, numa estrada longe de tudo e todos. Caminhei confiante junto com o Sonho e a Coragem. Fiéis amigos. Avisto lá longe um Senhor, barba e cabelos longos e brancos. Aparentava ter seus 80 e poucos anos. Cheguei mais perto e perguntei como se chegava a estrada principal. Ele nada respondeu a primeira vista, apenas olhou para mim e esboçou indiferença. Desmaiou na minha frente, pedindo socorro desesperadamente, ninguém me ouviu. E ficar ali vendo aquela cena, matou minha Coragem. 

Percorri um longo caminho a pé, finalmente consegui uma carona numa carroça velha e caindo aos pedaços.. bom ela andava pelo menos. A sagacidade em mim tinha se desprendido quase completamente, pois por mais que eu tentasse compreender o que estava acontecendo comigo, não conseguia tão exatamente me descrever no momento. E assim segui. Sonho no bolso. Metanóia surgiu em mim como num passe de mágica, meu coração optou por uma taquicardia múltiplas de emoções contínuas e descontroladas. Desci da carroça. Andei em direção a um desses bares de estrada. Ali, exatamente ali tudo iria mudar. O rumo iria se revelar. Mas o Sonho teria seu fim. Arrumei o cabelo no espelho do banheiro. Sai um cara barbado, tatuado e forte. Detalhe, portava um objeto que destrói vidas. Revólver. Sabia que dali não sairia algo bom, devia impedir, mas não queria. Cumprimento do Dever ou Seguir com o Sonho? Não pensei tanto, como deveria. Num ato heroico, tentei tirar o revólver do cara. Em meio a luta. Tiro 01, Tiro 02. Sonho Morto. Deus Misericordioso

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