- Então, o pretérito mais-que-perfeito expressa um fato
ocorrido antes de outro já terminado e...
“Que bobagem.” pensei. “colocando o pretérito
mais-que-perfeito na ‘vida real’ ele não existe. Pretéritos nunca são
perfeitos, que dirá, mais-que-perfeitos.”
Olhei para o lado enquanto a professora continuava
resmungando sobre os tempos verbais. A maioria prestava atenção na entediante
aula. Outros mexiam em seus celulares, e alguns simplesmente dormiam.
Eu não dormia, não mexia em celular algum e muito menos
prestava atenção. Nada contra a minha língua, mas não estava com vontade de
aprender tanto sobre ela. Acho desnecessárias
tantas regras, tantos tempos... tempos. Está aí uma coisa engraçada, ou não. De
qualquer forma eu nunca os entendia.
Havia uma fileira de garotas lindas ao meu redor. “pretérito.”
Pensei apontando mentalmente para uma. Olhei para a da frente. “Presente, ou
pode ser considerada futuro pretérito.” Não futuro DO pretérito, apenas um
futuro pretérito, pois assim não teria sentido. Afinal, ela não é algo que pode ocorrer. Ela aconteceu, ou melhor,
ainda acontece.
Nunca fui o tipo de garoto considerado romântico, fofo ou
qualquer uma dessas besteiras que as garotas tanto procuram. Sou um idiota e um
cafajeste incorrigível, e por enquanto nada pode mudar esse presente. Quem sabe
o futuro mude.
Minha melhor amiga, Anne, estava sentada ao meu lado. Olhei
para ela. Um sorriso apareceu em seu rosto, seguido de uma feição de tédio para
a matéria. Ela não estava entendendo nada, é claro. Mas há uma coisa sobre
Anne: ela nunca entende nada.
“Pretérito, presente
e futuro.” Suspirei. “por que você não faz parte deles, Anne?”
Quantas vezes escutei sua voz reclamando de arrependimentos
passados. Minha resposta era sempre a mesma: “Dane-se o passado, Anne. Ele não
pode ser mudado.” E então ela aparecia resmungando das incertezas do futuro e
do que teria que fazer. “Dane-se o futuro, Anne. Ele ainda não chegou.”
Mas o pior era o presente.
“Ele é um idiota, Anne. Digo isso por também ser um. Esquece...
é melhor.”
Mas ela nunca me escutava.
Como se pudesse escutar seu nome em meus pensamentos, ela se
virou para mim e deitou a cabeça na cadeira. Permaneceu assim, com um olhar que
dizia, implorava, para que a aula acabasse.
- Carlos! – gritou a professora. – Já que você está
prestando tanta atenção na aula, dê um exemplo.
- Ah! Claro... futuro do pretérito? – perguntei confuso. Não
fazia ideia de qual tempo ela estava falando.
- Sim. – respondeu entediada. Levantei um pouco assustado
com o tom de voz dela, mas disposto a não demonstrar fraqueza. Quando me
deparei com o quadro minha vontade não era de explicar o futuro do pretérito.
- Professora, gostaria
de dar minha opinião ao invés de um simples exemplo. Tudo bem?
- Não, mas prossiga. – ela se sentou em uma das cadeiras e
continuou a me olhar entediada. –Dê sua
opinião sobre, mas não se esqueça de depois explicar o que eu pedi.
- Sabe qual o meu tempo favorito, professora? – perguntei.
Ela balançou a cabeça entediada. – o imaginável.
- Esse tempo não existe.
- Existe sim. Às vezes, ele é melhor do que o presente.
Melhor do que todos os pretéritos e do que o futuro. – virei-me e olhei
diretamente para Anne enquanto dizia. – O tempo imaginável é onde tudo o que
você quis fazer um dia e não pôde se realiza. Os seus medos do presente se
esvanecem. E o futuro? Ah, ele continua incerto, minha cara. Mas ao menos é
irrelevante no momento.
Amei o texto, confesso que de incio fiquei com preguiça de o ler, mas quando comecei, não consegui parar, e pra falar a verdade português também nunca foi meu forte, mas esse 'tempo' o imaginável, com certeza é o meu favorito!
ResponderExcluirObrigada Nayane! E que bom que você gostou. =)
ResponderExcluirTambém é meu tempo favorito, por isso resolvi escrever sobre ele. ^^
Mt bom, fia! mt bao msm
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