“Talvez o impossível seja possível.” Uma voz ecoava
em minha mente. Eu queria acreditar nessas palavras, afinal, não sabia
onde me encontrava. Tudo o que lembrava era que corria por uma rua
escura, fugindo de alguns assaltantes. Um tiro. Uma dor em meu ombro.
Minha visão escurecendo… e agora, havia acordado em um lugar
completamente diferente.
Estava em uma
floresta, mas não era uma floresta normal e cheia de vida. Ela estava
morta. As árvores quase nuas, expostas ao cinza do dia, com suas folhas
voando por meus pés, tão cinzas quanto o sol que parecia distante e
ofuscado demais. Levantei-me e andei pelas árvores mortas, algumas
plantas e rosas ao meu redor, ainda com vida, perdiam sua cor aos meus
passos.
“Talvez o impossível
seja possível.” Repetia a voz. Olhei ao meu redor e não havia mais
sequer um vestígio de vida. Estaria eu também morta? E se estivesse,
então esse era o paraíso ou o inferno? Não parecia com minhas crenças de
nenhum dos dois. Talvez eu estivesse no meio termo, onde as almas ficam
antes de serem julgadas.
Uma ventania inundou
meus olhos de areia seca e tão morta quanto meu coração, coloquei meu
braço em meus olhos e quando os abri, estava novamente na rua escura.
Mas algo estava diferente.
Quando se está morto, a
única certeza que se tem é que seu coração jamais vai voltar a bater
novamente. Escutei risadas vindo de um beco. Caminhei até lá e em minha
mente a voz ecoava: “talvez o impossível seja possível.” As risadas
aumentavam de altura.
Um corpo encontrava-se
no chão, totalmente destruído. Uma poça de sangue ao redor do corpo, e o
rosto que estava inchado de uma forma exagerada demais. Era a imagem da
minha morte. Olhei para o lado, e meus assassinos riam como loucos,
como se houvessem ganhado na loteria.
Dois estavam com minha
bolsa, pegando todo o dinheiro e coisas valiosas. Os outros dois
terminavam de retirar os pertences de meu falecido corpo. Um dos
assassinos retirava meu cordão de coração. Instintivamente minha mão foi
para o cordão. Estava comigo, mas quando ele retirou do corpo, meu
pescoço fantasma perdeu o peso do cordão e uma mistura de ódio e nojo
cresceu em meu sistema sem vida.
Corri para cima do
ladrão, mas quando meu punho ia acertá-lo, eu o atravessei. Um fantasma
jamais poderia tocar um humano. Meus olhos ardiam de raiva.
“vamos embora, já pegamos tudo.” Disse um dos ladrões.
Segui-os.
“Talvez o impossível
seja possível.” A voz continuava me dizendo. Minha raiva aumentava a
cada passo, a cada risada deles. Vislumbrei o cordão na mão de um deles.
A agonia e ódio por minha morte agora gritavam dentro de mim.
Puxei o corpo do
assaltante e joguei na parede do prédio ao meu lado. Ele não viu o que o
acertou, mas depois de alguns segundos ele me viu, pois seus olhos
emanavam o medo de alguém que vê um fantasma. Literalmente. Desencadeei
vários socos em seu rosto e chutes em seu estômago. Os outros nada
fizeram, estavam chocados demais.
- Isso é impossível. – rosnou.
Enforquei-o na parede e
enquanto o levantava disse alto e claro: - Talvez o impossível seja
possível, afinal. Vejo você no inferno.
Em menos de um
segundo, joguei-o na parede e quebrei seu crânio sem piedade. Peguei meu
cordão do chão e pendurei em meu pescoço. O coração lilás agora estava
com uma linha grossa vermelho sangue. Peguei uma faca do bolso do morto e
virei-me para os outros três. Sorri maliciosamente para aqueles olhos
amedrontados e fui em direção, não mais da possibilidade, mas sim da
certeza do impossível ser possível que a morte havia me dado.
Impossível...
ResponderExcluir...não gostar do texto
Quando comecei a ler não parecia um conto de terror, me surpreendeu! Parabéns!
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