Mas eles ainda me não pareciam satisfeitos. “Seja homem!”... Que é “homem”? Me ocorreu, após toda a comilança, que talvez homem fosse adulto. Então me dei à adultidade. Virei um “cidadão de bem”. Estudei, trabalhei, casei, fiz família. E ainda não me pareciam satisfeitos. Aí eu houve, após alguma meditação, um lampejo: a palavra “hombridade”. Talvez quando me diziam em alto e bom tom “seja homem” queriam-me dizer para ser este homem de que deriva a palavra hombridade. Mas que é a hombridade? Como disse, é uma palavra. Uma palavra que mantém estreita sinonímia com outra palavra: a honradez. Pus-me, então, a ser um homem honrado, a ter honra, a ter palavra, a honrar cada palavra. Dei termo ao adultério, evitei todos os vícios, e me pus a cumprir religiosamente todas as minhas responsabilidades, qual reza a boa e austera retidão a que o vulgo não tão vulgo chama de honradez.
Mas eles ainda me não pareciam satisfeitos. Então, já cedendo à senescência, me pus novamente a perguntar “o que é ser homem?”. Era varão, tinha um falo. Era heterossexual, trepava e queria trepar com e somente com mulheres. Era adulto, não tinha mais idade para pertencer a qualquer outra “faixa”. Era honrado, a sobriedade e o compromisso me eram característicos. Então por que diabos ainda não estavam satisfeitos? Eu fui homem. Eu sou homem, não sou? Não sou?
Wilton Bastos
110213