Ele caminhava. Se arrastava. Cinzento. Faltava uma pata. Uma pata dianteira. Por quê? Não sabia. Não sabe. Ele apenas carregava. Dores, fardos, sofrimento, sangue e desespero. Ele carregava. Ele os arrastava consigo. Cinzento. Seguia em frente. Brilhantes eram seus olhos verdes. E ele os ergueu para um único homem. Pela primeira vez. Em muito tempo. Sobrava uma perna. Havia uma perna a mais. Havia um sorriso em seus lábios. Havia uma caneca em suas mãos.
Três. Eram três. Ambos três. Três patas. Três pernas. Em um faltava; no outro sobrava. Por quê? Destino? Castigo? Desigualdade? Injustiça? Talvez todos. Talvez nenhum. E o homem de três pernas e o cão de três patas seguiram. Juntos. E cinzentos.
(por Vinicius Silva Souza)
Excelente! Me lembrou "O Bicho" de Manuel Bandeira
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