quarta-feira, 17 de abril de 2013

Cara Jéssica


Cara Jéssica Ingrid,

Antes de mais nada quero que saiba que desde a primeira vez que te vi, imaginei que seu nome fosse assim, bem incomum. E não é que acertei? O que leva alguém a colocar dois nomes fortes como esse em um filho? Não precisa responder, perguntarei para a sua mãe quando tiver a oportunidade. 

Bem, vamos parar de enrolação e ir direto ao assunto. Muito me agrada o fato de você ter entrado em minha vida, mas muito me desagrada o fato de tê-la deixado. Mas vamos parar de papo furado e ir direto ao que interessa realmente. 

Lembro-me como se fosse ontem. A noite já havia chegado e você apareceu na minha casa, pedindo comida. O prato principal daquele dia era pão com carne picada, ovo e queijo. Deixei que você entrasse e se acomodasse, coisa que você fez e muito bem, até parecia que estava em sua própria casa. Por algum motivo, você não foi embora. Por algum motivo eu deixei que você ficasse. 


Lembro-me que só havia um colchão disponível e tivemos que dividi-lo. Deitamos, então, eu, você e o meu jacaré de estimação e de pelúcia. Por algum motivo, nenhuma de nós duas conseguiu dormir naquela noite. Ficamos acordadas durante um longo tempo antes de você virar e começar a me contar sobre a sua vida. Nunca esquecerei de tais histórias divertidíssimas. Curiosa, você insistiu para que contasse algo sobre mim também e assim nós adentramos a noite.

Por algum motivo, em algum momento, eu senti que nos tornaríamos grandes amigas. Dentre todos os momentos, existe um que eu sempre lembrarei com carinho. Depois de muita conversa e papo furado você virou para o lado me abraçou. Nosso abraço durou alguns longos minutos. Em um susto você soltou-me e disse:

- Você pode me prometer uma coisa?

- Depende.

- Só direi se você disser que promete.

A curiosidade sempre foi maior do que eu, então, eu assenti.

- O quê é que você quer que eu prometa?

- Promete que não vai me abandonar? Você não sabe ainda, mas eu sou uma pessoa muito complicada. Às vezes eu dou valor demais a coisas que não tem valor e esqueço que as coisas importantes precisam muito da minha atenção. E então, você promete?

- O quê é mesmo que você quer que eu prometa?

- Que você nunca vai desistir de mim.

- Eu prometo.

Meu maior erro foi ter prometido isso a você. Qual foi a última vez que eu tive notícias suas? Qual foi a última vez que você deu sinal de vida?

Eu sempre fui uma pessoa muito fechada, difícil de ser cativada. A única coisa pior do que isso é saber que quando sou cativada é quase impossível de me descativar. Você sumiu. Simplesmente sumiu. Sinto a sua falta, mas você some. Você faz questão de sumir. E eu fico aqui, ansiosa, esperando o seu retorno.

Saiba que eu espero, mas não espero. Quero, mas não quero. Você já me magoou muito com suas atitudes e com a falta delas. Eu não aguento mais ser a sua última opção, só ser procurada quando nenhum outro amigo está disponível. Preciso de amigos, de amigos verdadeiros. De verdadeiros amigos.

Amizade deveria ser algo sagrado, algo plantado e regado por ambas as partes. De que adianta um dos amigos querer em vão? Não deveriam os dois fazer algum esforço para a amizade durar?

Não posso obrigá-la a voltar, de maneira nenhuma. A única coisa que eu peço é que volte, mas volte de vez. Mas, se não quiser voltar, não volte nem por um instante, pois meu coração pulsante não aguenta mais viver assim, com uma dor gritante.

Com carinho, Bruna.

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