Querida lua,
Escrevo para ti de tão distante....
Os invernos são frios e melancólicos por aqui, dotados de uma ternura pura e reconfortante.
Não sei lhe dizer ao certo do que mais sinto saudade...
do Sol que nos abençoava, carinhoso.
Dos pinheiros de galhos secos que se moviam leves e suaves ao vento.
De seu olhar, calmo e luminoso.
Da nossa liberdade, vivendo em nosso próprio tempo...
Queimei minha perna ao derramar o que seria minha nona xícara de café; sim, continuo desastrado como sempre. E paranoico. Pois o estranho formato que a queimadura adquiriu me lembrou sua linda silhueta.
Passei a tarde toda a varrer as folhas secas no meu jardim.
E isso me lembrou você.
O vento forte que atravessou a janela aberta do meu quarto derrubou meu violão.
E isso me lembrou você.
E a única lágrima amarga e salgada que escorreu solitária por meu velho rosto cansado...
Era você.
A neve cai em ondas e ergo minha visão aos céus para vê-la. Mesmo a escuridão da noite, tudo me parece tão branco... Como seu os céus e os horizontes ao meu redor tivessem enfim se fundido, tornando-se um só. O vento uivante ecoa em meus ouvidos mas não penetra o tão sufocante silêncio atmosférico que paira em minha mente.
E a neve nunca para de cair. Aqui dentro, ela sempre cai. Manchando, despejando você em minha alma. Sempre.