sábado, 2 de fevereiro de 2013

Sinestesia


Ele vivia em um mundo diferente. Parado em uma praça, via os sons ao seu redor; Uma cor para cada palavra, cada buzina, cada canto do pássaro. 

Às vezes os cantos azuis mesclavam com risos infantis amarelo-alaranjados e com latidos vermelhos. E ele quase não percebia o barulho marrom e cinza da avenida.

Um dia, sentado do parque, uma moça se aproximou e perguntou o que o levava lá todos os dias. Ele disse que eram as cores dos sons. Ela sorriu e disse que ia lá pelos sabores dos sons.

Pirulitos para os risos infantis, algo folhoso para os pássaros e queimado para a avenida.

Sorriram um para o outro. Agora isso não os incomoda mais. Vão juntos ao parque todos os dias e também à orquestra toda semana, na qual descobriram uma explosão de sabores e cores cuja deliciosa intensidade outras pessoas nunca teriam o prazer de aproveitar.

E descobriram juntos que a palavra amor é doce e vermelho-berrante, mas também amarga e de cor fria e sem graça, e, outras vezes, há tantas cores e sabores que nem eles mesmos poderiam enxergar ou saborear por completo.

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